O Núcleo Periférico nasceu durante as Jornadas de Junho de 2013. Vindos das periferias, nos encontramos na região central para manifestar nosso descontentamento político.
Nosso coletivo é formado majoritariamente por pessoas periféricas de Curitiba e região metropolitana, aqueles e aquelas que estão nas ruas de terra dos lotes ocupados às margens da lei.
A periferia, com seus problemas e suas potências, é o que move nossos passos e constrói nossas bandeiras de luta: enfrentamento ao racismo, moradia digna, combate à violência policial, defesa dos direitos de pessoas presas e egressas, e fomento às culturas periféricas.
Em 2022, inauguramos nossa sede em Curitiba, o Centro Cultural Núcleo Periférico, que abriu as portas para receber pessoas egressas do sistema penitenciário, pessoas em situação de rua e em vulnerabilidade social, oferecendo apoio emergencial e formação política, profissional e cultural, com a missão de fortalecer os que estavam caídos.
Tocando o projeto “Homem na Estrada”, a sede do Núcleo Periférico passou a oferecer gratuitamente alimentação, água, banheiro, banho e lavanderia; apoio jurídico, psicológico e assistência social; e também cursos de capoeira, desenho, barbearia, costura, serigrafia, culinária, breaking, cinema e criminologia.
Garantir alimentação de qualidade é a missão inicial para recuperar a dignidade das pessoas que estão em vulnerabilidade. Iniciamos oferecendo 30 refeições por dia e, em poucos meses, com o apoio do Programa de Aquisição de Alimentos, ampliamos nosso alcance, chegando a ofertar cerca de 500 refeições por dia, incluindo café da manhã, almoço e café da tarde.
O aumento considerável no número de atendimentos mensais demandou a ampliação do espaço. Por isso, investimos parte dos recursos doados por apoiadores do projeto para reformar e qualificar as instalações da cozinha, padaria e salas de atendimento.
Apesar do investimento e do impacto social do projeto, em outubro de 2024 fomos surpreendidos por uma ordem de desocupação do imóvel que abrigava o nosso trabalho. O desejo de higienização social, disfarçado no argumento de prejuízo ao comércio local, fez com que comerciantes levantassem um abaixo-assinado para convencer a imobiliária a nos tirar do espaço.
Graças a nossa persistência e a solidariedade dos humildes, inauguramos mais duas cozinhas solidárias no interior do Paraná.
Em Londrina, a comunidade Flores do Campo se uniu e, com nosso apoio, levantou a cozinha solidária que já está atendendo a mais de mil famílias que moram na região.
Em Cascavel, fechamos uma parceria com a Dona Marli, linha de frente da luta social em Cascavel Velho, bairro pobre da cidade. E lá, nossa cozinha solidária já atende centenas de famílias vulneráveis.
Uma nova cozinha solidária está em construção em Curitiba, dessa vez na comunidade Nova Primavera, ocupação localizada na Cidade Industrial de Curitiba (CIC), periferia da capital paranaense.
Nosso coletivo realizou anualmente onze Saraus Periféricos gratuitos. A maioria deles em áreas de ocupação, trazendo artistas do rap nacional e local.
Na sua 11ª edição, que aconteceu no feriado da consciência negra, ocupamos o centro da cidade de Curitiba num evento histórico.
Os Saraus preservam a cultura hip-hop, promovendo o encontro das novas e antigas gerações com os quatro elementos (rap, discotecagem, graffiti e breaking), além do quinto elemento, o conhecimento (por meio de palestras e bate-papos com formação política e cultural).
Nosso coletivo, que se firmou como um símbolo de resistência nas ruas, tem também uma etiqueta e uma coleção.
Em funcionamento desde 2022, o ateliê promove o aprendizado técnico por meio dos cursos de Corte & Costura e de Serigrafia.
Além disso, os participantes são introduzidos ao conceito e à prática de economia solidária, abrindo possibilidades de profissionalização e de geração de renda.
A revolta dos humildes está na essência de todo o processo, com o público assistido pelo Núcleo Periférico sendo convidado a ocupar os lugares de protagonismo das produções, e o lucro das vendas sendo revertido para a manutenção do nosso projeto.
As compras de peças, como camiseta, bag, boné e caneca, podem ser feitas no site:
NÓS TEMOS HISTÓRIA
A nossa Escola Popular de Cinema surge com o propósito de que pessoas em situação de rua, egressas do sistema prisional e moradoras das quebradas assumam a direção da máquina do audiovisual.
Narradoras das próprias histórias. Protagonistas de suas jornadas de resistência e luta. Os talentos audiovisuais da periferia são estimulados em nossas oficinas, que englobam desde crianças a pessoas em tratamento de dependência química.
Resultado desse trabalho são: o curta-metragem ficcional “O menino que encontrei no tiroteio”, que conquistou o 3º lugar no Festival Treze Cabeças, os documentários “Só por hoje” e “O lado rua da história”, e o vídeo-clipe “Mau Presságio”. Todos disponíveis no youtube do Núcleo Periférico.